segunda-feira, 8 de julho de 2013

You either have the feeling or you don’t.

“...as minhas piadas são forçadas e complicadas e ninguém mais ri. Eu não sei dizer a coisa certa para fazer as pessoas gostarem de mim, só fico babujando e cuspindo como um bebedor estragado. Eu sou toda desastrada e derrubo tudo, as minhas médias e  minhas ênfases imbecis, mau hálito, as calças que ficam justas atrás, o meu pescoço longo demais, sei lá. Eu sou sorrateira mas sempre me pegam, eu sou esnobe e finjo, eu concordo com quem mente, eu digo não sei que mais e me acho a esperta. As pessoas têm que ficar cuidando quando eu cozinho para não queimar tudo. Não consigo correr quatro quarteirões nem dobrar um suéter. Eu beijo que nem uma imbecil, troco carícias que nem uma idiota, perdi a virgindade e nem fiz direito, concordei com tudo e fiquei triste e chateada depois, me agarrando a um cara que todo mundo sabia que era um canalha de merda de bosta, amando-o como se tivesse doze anos e aprendendo tudo na vida numa revista com um smiley na capa.  Eu não sou romântica, não sou miolo mole. Só os burros acham que eu sou inteligente. Eu não sou alguém que todo mundo devia conhecer. Eu sou uma lunática procurando restos, sou como qualquer imbecil fracassado de quem já desviei e fingi que não conhecia. Sou todos eles, todas as coisas feias numa fantasia feita de última hora. Eu não sou diferente, nem um pouco, diferente de nadinha nesse mundo. Eu sou um defeito defeituoso ambulante, uma ruína arruinada, um desastre, um fracasso tão grande que nem vejo mais o que já fui. Eu não sou nada, nadica. A única partícula que eu tinha, a única coisinha minúscula que me fazia levantar da cama, era eu ser a namorada do Ed Slaterton, amada por você por uns dez segundos, e quem se importa, e daí, e não sou mais, então, oh, que vergonha.”
Why We Broke Up [Daniel Handler]

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